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Pé de Garrafa








Olá turma!  


Nas postagens de hoje, voces vão conferir alguns textos escritos por nossos alunos participantes do Projeto Encanto das Lendas.
Cada postagem contém o texto original que fora estudado pelos alunos, seguido de algumas releituras.


Boa leitura e até a próxima post ;)





pe-de-garrafa

Cada mito esconde parte dos nossos medos mais reservados
O Pé de Garrafa é um ente que vive nas matas e capoeiras. Raramente é visto. Mas ouvem sempre seus gritos agudos ora amendrontadores ou tão familiares que os caçadores procuram-no, certos de tratar-se de um companheiro ou parente perdido no mato.

E quanto mais procuram menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, desorienta, atordoa, enlouquece. Então os caçadores acabam perdidos ou voltam para casa depois de muito esforço para reencontrar o caminho conhecido. Quando isso acontece sabem tratar-se do Pé de Garrafa. Logo poderão encontrar os vestígios inconfundíveis de sua passagem, claramente assinalado por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa.
  Supõem que o estranho fantasma tenha as extremidades circulares, maçicas, fixando assim os vestígios que lhe servem de assinatura. Vale Cabral [1], um dos primeiros a estudar o Pé de Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caipora. A julgar pelas enormes pegadas que ficava na areia ou no barro de massapê devia ser de estatura invulgar, talvez maior que dois homens.

Outro historiador, o Dr. Alípio de Miranda Ribeiro[2] foi encontrar o Pé de Garrafa em Jacobina, Mato Grosso. Seu informante, Sebastião Alves Correia, administrador da fazenda, fez uma descrição mais ou menos completa. Disse ele: "O Pé de Garrafa tem a figura dum homem; é completamente cabeludo e só possui uma única perna, a qual termina em casco em forma de fundo de garrafa."

É uma variante do Mapinguari amazônico e do Capelobo. Grita, anda na mata e tem uma pegada circular. Não há nenhuma informação se o Pé de Garrafa mata para comer ou é inofensivo. Também, não há relatos de que já tenha atacado alguém.

Nas velhas missões de Januária, em Minas Gerais, o mítico Bicho-Homem é também chamado Pé de Garrafa. O Prof. Manoel Ambrósio[3] explica que " o Bicho-Homem tem um pé só, pé enorme, redondo, denominado por isto - pé de garrafa."

outro personagem cujo nome é Pé de Quenga, uma espécie de demônio que deixa vestígios semelhantes ao que seu irmão Pé de Garrafa imprime na areia dos riachos e no barro vermelho. São rastros redondos, configurando a intrigante presença de um ser fora do comum. O Pé de Garrafa é sem dúvida o Pé de Quenga. Mas não possui poderes infernais, nem a fome insaciável dos demais monstros da sua categoria.

Barbosa Rodrigues[4] informa que o Caapora era conhecido em certos Estados como sendo unípede e com um casco arredondado. O Pé de Garrafa possui, claramente, traços característicos do Caapora, do Mapinguari, do Capelobo e do Bicho-Homem. A pata redonda, que lhe dá o nome, lembra o Pé de Quenga. De verdade o mito está tão mesclado que o Pé de Garrafa, gritador inofensivo do Piauí, perturbador dos caminhos em Mato Grosso, ao chegar em Minas Gerais ganha o nome de Bicho-Homem, e torna-se um devorador insaciável de viajantes e residentes incautos.


Leia o texto na íntegra em Mitos e Lendas Ilustradas do Folclore Brasileiro - UOL

 Agora vamos conferir alumas releituras produzidas por nosso alunos ;)


 

Mula-Sem-Cabeça



Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se transforma na besta.
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Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, "Mula-Sem-Cabeça", na verdade, de acordo com quem já a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro.
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Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula, deve-se deitar de bruços no chão e esconder Unhas e Dentes para não ser atacado.
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Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-Sem-Cabeça voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre. 


A Mula-sem-Cabeça, Burrinha-de-Padre ou simplesmente Burrinha, é o castigo da concubina do padre católico. Na noite da quinta para sexta--feira, muda-se numa mula, correndo com espantosa rapidez, até o terceiro cantar do galo. Seus cascos afiados dão coices que ferem como se fossem navalhadas. Homens ou animais que encontra pela frente, ataca à patadas. Ouve-se, de longe, o barulho do seu galope sobrenatural e as dentadas com que morde o freio de ferro que tem à boca.
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Pela madrugada, exausta, recolhe-se e volta à forma humana. Para que a "manceba" do padre não se transforme em Burrinha é preciso que este não se esqueça nunca de amaldiçoá-la antes de celebrar a santa Missa.
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Os detalhes variam. É uma mula que não tem cabeça mas relincha. É de cor negra, com uma cruz de pelos brancos no dorso. Tem olhos de fogo. Tem um facho luminoso na cauda e geme como um ser humano. Está em todo Brasil, em todas as regiões.
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É crença nos sertões de todo Nordeste, que as Burrinhas, em sua forma humana, além de muito belas, são extremamente gentis e delicadas.
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Dizia-se também que as mulheres de má vida relacionadas com padres, tarde da noite, "viravam" Mula-sem-Cabeça. Tinham por sina correr sete cidades, todas as noites, em que saíam.  


A Mula-sem-Cabeça - Notas Complementares:
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Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México), Mula-Anima (Argentina).
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Origem Provável: É uma tradição que nos veio da penísula ibérica, trazida pelos espanhóis e portugueses. Corre toda América, do México até a Argentina. No Brasil varia entre as regiões. É um mito forte entre Goiás e Mato Grosso. Em todas as versões há sempre uma finalidade punitiva.
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Encantamentos e Cura:
A forma de quebrar o encanto da Mula, pode variar. Pode ser a excomunhão feita pelo padre amante antes de celebrar a missa; pode ser um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, desde que saia sangue, etc. Assim, a Mula se transforma outra vez em mulher e aparece despida. Em Santa Catarina, para saber se uma mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em fita com o nome dela; se o ovo cozer e a fita não queimar, ela é.
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Algumas vezes, o próprio Padre é o amaldiçoado. Ele então vira um Padre-sem-Cabeça, e sai, ora a pé, ora montado em um cavalo do outro mundo. O Cavaleiro sem Cabeça Norte americano lembra muito esta variação. Na África, Ásia e Austrália, há a tradição das mulheres velhas que se transformam em tigres, lobas, panteras, voltando à forma humana com a luz do sol. Mas não há uma sina punitiva como na Mula-sem-Cabeça. 








Negrinho do Pastoreio



O Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.
Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia um frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros que acabara de comprar. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece", disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
E depois disso, entre os andantes e posteiros, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio.
Então, muitos acenderam velas e rezaram um Padre-Nosso pela alma do judiado. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pela noite o Negrinho campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Desde então, e ainda hoje, conduzindo o seu pastoreio, o Negrinho, sarado e risonho, cruza os campos. Ele anda sempre a procura dos objetos perdidos, pondo-os de jeito a serem achados pelos seus donos, quando estes acendem um coto de vela, cuja luz ele leva para o altar da santa que é sua madrinha.
Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.


Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul. Há na Argentina um personagem semelhante chamado El Quemadito, surgido durante a guerra civil de 1830.
Alguns folcloristas afirmam que o Rio Grande do Sul tem uma única lenda sua, criada às feições locais, que é a do Negrinho do Pastoreio.
Ela não tem ligação alguma com a lenda do Saci brejeiro que de cachimbo apagado ataca, à noite, os viajantes. O Negrinho ou Crioulo do pastoreio, é exclusivamente gaúcho, pelo seu feitio, pelo seu papel na vida campeira e pelo próprio martírio, que é um dos tantos episódios reais da escravidão, ele se afasta por completo do Saci. Resta uma semelhança; ambos são negrinhos.
Alguns historiadores afirmam que em São Paulo o Saci também encontra objetos perdidos a troco de ovos frescos. Mas este não está associado à idéia cristã. Barbosa Rodrigues, conhecido folclorista, inclui o Negrinho do Pastoreio como um símile do Saci. De fato, as características do Saci, realmente, não se encontram no Negrinho do Pastoreio. Nem os vícios nem as diabruras.
O Negrinho do Pastoreio é uma lenda cristã, divulgada com finalidades morais. O Negrinho é sem pecado, uma vítima. Perdendo duas vezes a tropilha que acha miraculosamente, o Negrinho, por associação natural, é padroeiro dessa atividade nos campos gaúchos. Trata-se de uma lenda puramente regional.



Agora vamos conferir as releituras desta lenda, produzidas por nossos alunos ;)
(Clique na imagem para ver em tamanho grande)


 

Boi Tatá





Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra. Para escapar ele entrou num buraco e lá ficou no escuro, assim, seus olhos cresceram.

Desde então anda pelos campos em busca de restos de animais mortos. Algumas vezes, assume a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de sua cabeça e persegue os viajantes noturnos.

Às vezes ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de "Alma dos Compadres e das Comadres". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.

Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, toca fogo no mato. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios.

A ciência diz que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, que vistos de longe parecem grandes tochas em movimento.

Mboitatá é o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam; como a palavra diz, Mboitatá é: "Cobra de Fogo". As tradições figuram-na como uma pequena serpente de fogo que normalmente reside nágua. Às vezes transforma-se em um grosso madeiro em brasa, chamado Méuan, que faz morrer por combustão quem incendeia inutilmente os campos.

Uma das lendas mais tradicionais do Rio Grande do Sul é a da Boitatá. Boi-tatá, cobra de fogo, chamava-se Boi-guassu, ou cobra grande. A lenda existe em todo Brasil, do norte ao sul. A Boi-guassu, quando houve o dilúvio, ou quando há inundações, ao ser acordada pela água, come todos os animais. No sul ela come apenas os olhos da carniça. Tantos olhos devora, que fica cheia da luz desses olhos.

O clarão vivo no qual se transforma é o Fogo-fátuo, ou Fogo-de-Santelmo. Ao viajante que a encontra resta ficar imóvel, de olhos fechados, sem respirar, então o Fogo-fátuo some. Mas, se o viajante o persegue, ele foge sem nunca ser alcançado. Quando o homem foge, Boi-tatá persegue-o, enloquece-o, e mata-o.


Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Boi-guassu, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata, Mboitatá. Outros Países: Fogo de Santa-Helena, Víbora-de-fuego, etc.


Origem Provável: No Brasil é de origem Indígena. Os negros africanos também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá. O Fogo-fátuo é tema universal no folclore e em todos os países existem narrativas que tentam lhe dar nomes, torná-lo uma entidade fantástica, viva.

Diz Anchieta em sua carta: "Há também outros fantasmas nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e do rios, e são chamados de Baetatá, que quer dizer, "Coisa de Fogo", o que é o mesmo como se dissesse "o que é todo de fogo". Não se vê outra coisa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os Curupiras: o que seja isso, ainda não se sabe com certeza."

É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas, por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Em outras, ele é causador dos incendios na mata. Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após um dilúvio. Noutra ao procurar restos de animais mortos, come apenas seus olhos, assim absorve a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual tem os olhos tão grandes e incandescentes.


Fonte: Mitos e Lendas Ilustradas do Folclore Brasileiro - UOL



Agora vamos conferir as releituras desta lenda, escrita por nossos alunos.
(Clique na imagem para ver em tamanho grande)





 

 

 

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